segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Anjo Exterminador por Marcelo Moura Batista


Trilha sonora do inconsciente.

O clássico filme mexicano o “Anjo Exterminador” é praticamente desprovido de trilha sonora, com exceção aos poucos trechos de música tocadas no piano pelos artistas ao longo do filme e os tradicionais efeitos sonoros. Efeitos que nas mãos de Luis Buñuel adquirem funções simbólicas e contribuem diretamente a narrativa do filme.

Em suas mãos, barulhos de relógios e sinos da igrejas - Sons típicos da normatização da sociedade:  contemporânea e medieval -, são usados de forma pontual na separação dos momentos de “normalidade” para a surrealidade presentes na intrigante estória do filme.

Faz uso agressivo de ruídos considerados por muitos barulhos extremamente irritantes, como barulhos de serrote, “arranhar de giz”, que detém a capacidade de interferir em nosso sistema nervoso, provocado sensações como: ansiedade, agressividade e cansaço. São somados a imagens extremamente claustrofóbica para aumentar ainda mais a angustia do expectador a medida que a situação dos personagens fica cada vez mais desesperadora.  

Pequenos detalhes que mostram, por que Buñuel é um diretor tão cultuado. Comprovando que o cinema é muito mais que imagens em movimento e que barulhos triviais podem ser utilizados como recursos cinematográficos na exploração de sensações e condutores do roteiro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário