Trilha sonora do inconsciente.
O clássico filme mexicano o “Anjo Exterminador” é praticamente desprovido de trilha sonora, com exceção aos poucos trechos de música tocadas no piano pelos artistas ao longo do filme e os tradicionais efeitos sonoros. Efeitos que nas mãos de Luis Buñuel adquirem funções simbólicas e contribuem diretamente a narrativa do filme.
Em suas mãos, barulhos de relógios e sinos da igrejas - Sons típicos da normatização da sociedade: contemporânea e medieval -, são usados de forma pontual na separação dos momentos de “normalidade” para a surrealidade presentes na intrigante estória do filme.
Faz uso agressivo de ruídos considerados por muitos barulhos extremamente irritantes, como barulhos de serrote, “arranhar de giz”, que detém a capacidade de interferir em nosso sistema nervoso, provocado sensações como: ansiedade, agressividade e cansaço. São somados a imagens extremamente claustrofóbica para aumentar ainda mais a angustia do expectador a medida que a situação dos personagens fica cada vez mais desesperadora.
Pequenos detalhes que mostram, por que Buñuel é um diretor tão cultuado. Comprovando que o cinema é muito mais que imagens em movimento e que barulhos triviais podem ser utilizados como recursos cinematográficos na exploração de sensações e condutores do roteiro.
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