domingo, 28 de novembro de 2010

Marvada Carne por Marcelo Moura Batista

Tal como uma típica piada de caipira que destaca a inocência do "jeca" perante a esperteza do malandro urbano e que ao final é sempre surpreendido pela astucia e vivência do matuto. É exatamente o que "Marvada Carne ", seu pôster e capa do VHS/DVD fazem com o seu público.
Lançado em 1985, época que o cinema nacional para a maioria dos brasileiros ainda era sinônimo de pornochanchada. O nome do filme e imagens vinculadas estimulava o expectador de fértil imaginação a acreditar no provável apelo sexual do filme. Especialmente ao notar no pôster do filme: um caipira a beira do lago, aparentemente sonhando com a bela e jovem Fernanda Torres, portanto um malicioso olhar de inocência.
Uma verdadeira arapuca ao incauto expectador que movido por ilusões poderia  acabar vendo um filme extremamente diferente do que o imaginado. Ledo engano que provavelmente conduziu inúmeros desenformados expectadores assisti-lo. Infelizmente nunca saberemos o quanto a estratégia funcionou de fato. Mas dada a grande bilheteria do filme, podemos estipular que muitos fatalmente caíram na " armadilha".
Estratagema que fatalmente não funcionaram se não fosse a genialidade do filme, que consegue apresentar uma complexa história de forma simples, em uma linguagem cinematográfica que consegue a difícil  façanha de agradar crítica e público.
Tanto que no lançamento do filme em DVD a estratégia foi mantida na capa do DVD. Agora com Fernanda Torres abaixada próxima ao rio com um olhar de que vai aprontar alguma coisa.
Enquanto, em outra imagem, Adilson Barros aparece com um olhar de desejo. Que dificilmente alguém que apenas observasse a capa imaginaria se tratar de uma " fome psicológica" pela carne de boi.
Quem caiu na " armadilha " pode ter gostado ainda mais do filme do que os expectadores que conscientemente foram assistir a obra. Por terem sidos obrigados a confrontar sua próprias expectativas. Estranho fato que pode ser explicado pelo ditado popular: "  Me engana que eu gosto". Especialmente se a surpresa for tão boa quanto o filme e André Klotzel.
Caso não tenha convencido o amigo leitor da  " felicidade de ser enganado", sugiro que pense que do contrário: Não haveria tantos shows de mágicas, Orson Welles não faria tanto sucesso e os filmes de finais surpreendentes não marcariam tanto.

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