domingo, 28 de novembro de 2010

Três Filmes por Eny de Oliveira


A NOITE AMERICANA de François Truffaut é um desses filmes que te encantam do começo ao fim. Truffaut tenta mostrar deliberadamente a mentira contada nas telas. O incrível disso é que você se envolve na história fictícia e não sabe mais diferenciar a realidade da ficção. Tentei prestar atenção nos detalhes técnicos e na personalidade do diretor, mas quando dei por mim já estava totalmente envolvida na história real dos personagens. Pessoas muito comuns fazendo cinema. Os atores para a maioria da população são semideuses e em A Noite Americana tornam-se frágeis, fortes, inseguros, sonhadores e buscadores, assim como todos os mortais. Acho que o maior mérito desse filme está no resultado e não na intenção inicial do diretor.

A MARCA DA MALDADE.
Nunca tinha visto nada de Orson Welles. Apesar de saber que ele é um ícone do cinema, que 10 entre 10 diretores admiram o seu trabalho, não despertava meu interesse. Eu me lembro da voz dele no rádio contando aquelas histórias de ET que me faziam sentir muito medo e essa sensação me acompanhou durante muitos anos.  Após estudar um pouco sobre cinema e ter a oportunidade imposta de ver um filme desse diretor, eu confesso que me rendo. Orson Welles é uma daquelas pessoas que não tem limites. Ele expõe a dualidade humana de uma maneira nua e crua, doa a quem doer. E faz isso com toda a propriedade que só os gênios possuem – um olhar peculiar e revelador sobre a vida em todos os seus aspectos. A bondade e a maldade inerentes ao ser humano estão presentes em cada personagem que com certeza vai se identificar com você em algum momento da sua atuação.  Escolher entre ser bom e ser mal depende apenas de circunstâncias e de seus interesses.  E é isso que Orson defende muito bem nessa preciosa película.


A MARVADA CARNE
André klotzel reuniu nesse filme um elenco de primeira linha e conseguiu fazer de um roteiro singelo uma obra prima.  A caracterização do caipira paulista leva-nos a entender mais sobre a formação periférica da capital paulistana.  A movimentação humana para a realização de um grande desejo e a capacidade de resiliência e superação ficam evidentes nesse filme, de uma maneira descontraída e poética.  Para quem viu Confissões de um Liquidificador, fica claro que a marca registrada de André é promover essa inquietação sobre as nossas escolhas revelação de caráter diante de determinados conflitos. A estratégia  dos " fins justificam os meios" prevalece e diverte.
















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