segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A marvada Carne por Lidianne Seabra


“Bebida é água!Comida é pasto! Você tem sede de que? Você tem fome de que?...A gente não quer só comida
A gente quer comida. Diversão e arte. A gente não quer só comida. A gente quer saída. Para qualquer parte(...) Diversão, balé. Como a vida quer
Desejo, necessidade, vontade
Necessidade, desejo, eh!
Necessidade, vontade, eh!
Necessidade...” Titãs..

Desejo, necessidade e vontade.
Acredito que esses sentimentos se misturam e impulsionam o ser humano, em qualquer lugar, sob quaisquer circunstancia. O filme “A Marvada Carne” explora essas sensações instintivas vividas pelos personagens, e é a partir daí que se desenrola toda a estória do longa-metragem. A meu ver, essa abordagem torna a película de André Klotzel, de 1985, sempre atual.  O roteiro trata de muitos assuntos de maneira simples, principalmente a vida do caipira, suas crenças, o folclore brasileiro e o êxodo rural.
A Marvada Carne é uma comédia e praticamente um resgate da cultura caipira. Sua estória, muito bem caracterizada, começa com o canto do galo.  O personagem NHo Quim, interpretado por  Adilson Barros, está entediado com a solidão e a mesmice de sua vida cotidiana, com a alimentação simples e repetitiva dos moradores do campo. Ele vai à busca de realizar dois desejos: comer carne de boi e encontrar uma mulher que cuide dele.   Autosustentável, o caipira come o que produz, daí a vontade de provar o que não havia no seu dia a dia: a carne de boi. Nestas andanças, em prol de realizar seus desejos, ele chega a um sítio onde esta Sacarula, personagem interpretada por Fernanda Torres.
Sacarula é devota de Santo Antonio e não o larga até realizar seus desejos. Como ela discute constantemente com o santinho, ele “revida” os desaforos com alterações nas expressões da estátua que o simboliza.  Mas como o que a moça quer de verdade é arranjar um casamento, chega aos extremos de afogar o coitado do santo. E seu desejo de matrimônio não é igual aos das raparigas atuais. A vontade de Sacarula é só casar, pois já esta ficando velha, próxima de completar dezessete anos – sendo que as caipiras da sua região casavam entre quinze e dezesseis anos – se desespera e abre mão do romance, só quer mesmo é arrumar o casório.  Mas ela se cansa de pedir um marido a Santo Antônio, e num desvario, joga o santo pela janela, acertando Nho Quim na cabeça. Sacarula acha que o Santo atendeu seus pedidos enviando aquele caipira e faz de tudo para ser notada por ele. De início, ele não se interessa pela moça.  Porém, usando de simpatia, a esperta caipira consegue descobrir que Nho Quim tem desejo de comer carne de boi.  E é através disso que ela consegue laçá-lo.  Ele acreditava que na festa de seu casamento o pai da donzela mataria um boi.  Foi assim que  Nho Quim pediu a mão de Sacarula. O pai sugeriu que ele fizesse umas provas.  Depois de muitas provações eles decidem dar o “jeitinho brasileiro” e resolvem casar escondidos, pois assim já casados era só matar o boi. Porém o boi era o boi Barroso, que é uma figura do folclore, alguns já viram, outros não. Na verdade, o boi Barroso é uma lenda. E não seria desta vez que Nho quim ia provar a bendita carne de boi. Mas, já casado, ele passou a sentir-se feliz, já que também queria uma esposa. Eles tiveram dois filhos, segundo Nho Quim uma fêmea para mandar na casa e um macho para mandar no mundo. 
E vida continua a mesma na roça, e esta mesmice incomodava Nho Quim. Num dia chuvoso, ele fica encasquetado, será que nunca provaria carne de boi?  Então, resolve que faria qualquer coisa para realizar a sua vontade. E assim vai procurar o diabo, interpretado por Regina Casé, e como próprio Nho quim diz no filme “E foi desta feita que o pobre filho de Deus foi pra cidade”  E Lá, com o dinheiro da venda da galinha preta para o “Coisa Ruim”, depara-se com uma loja de TVs, onde coincidentemente passava uma reportagem sobre raças de  gado, ele não estava acostumado com a modernidade da cidade e acreditou que era assim que se comprava a carne. Foi enganado por um qualquer. E lá se foi embora seu dinheiro.
No entanto, como um bom caipira ou bom brasileiro, não desisti nunca.  Se ele foi até o diabo, o que faltava para conseguir a carne de boi?  Faltava a oportunidade!
E Nho Quim diz “Nada como um dia após do outro e uma noite no meio” E de repente teve um saqueamento a um supermercado. Este é o seu dia de glória. Ele entra e pega um pedaço de carne.  Corre pela cidade com a carne travada em seu peito, passa entre os carros (aqui, temos a vaga idéia de que ele vai se dar mal). O nosso anti-herói termina num churrasco de laje no subúrbio.  Ele comeu a carne e fica ali, do campo à cidade.
Enfim, apesar de Nho Quim ser amoral, a gente torce por ele. O filme, da Tatu Filmes, é cheio de detalhes da vida da roça, e com certeza, quem é brasileiro deve ter se identificado com alguma parte do longa. Afinal, podemos dizer que nossa história contemporânea herdou muito dessas raízes caipiras. Como exemplo: os mutirões, a marmita embrulhada no pano de prato, entre outros. O longa é uma bela comédia, de aparência simples, que transborda informações. Sem romance e erotismo, a Marvada Carne é repleta de causos.  Uma obra brasileira por inteiro. Que nasce do desejo, necessidade e vontade de mostrar a cultura caipira como legado aos brasileiros.



                                               


é o que eu senti
é o que eu senti
é o que eu senti
é o que eu senti
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17:48
vc é diferente,,,rs
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17:48
sim
vc não gosta?
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17:48
sim.... mas me confundi
a minh vida esta confusa
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17:53
sim
acredito em vc
mas nao quero te atrapalhar


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